quarta-feira, 6 de março de 2019

Hoje eu sou a piada.

Quando você tem tanto pra dizer
mas não faz ideia do que é
vai falando de si
se escondendo nos erros
nas palhaçadas para os vizinhos
é tudo uma farsa! 

Somos todos farsantes verdadeiros,
contamos histórias
que acreditamos
mas evitamos o que sentimos
evitamos a realidade
com riso desesperado.

Redes sociais e frases froidianas
nem sequer sei escrever
"freudianas".
mas sou o rei da psicanalise
no domingo da roupa suja
pingando no varal d'outro.

No varal da minha mãe
tem problema,
no varal do meu vizinho
tem problema,
no varal de todos
tem problema.

Mas eu não tenho varal algum
sou transparente
verdadeiro;
conto minhas derrotas
num tom de piada
dando risada do fundo do peito.

Antes me criticava menos
vivia mais, errava mais.
arriscava frequentemente,
falhava na mesma medida,
e chorava, como chorava.

Já não me perco 
na esquina dos sonhos,
ou no corredor do amor,
ou na sala dos jogos sexuais;
hoje me perco no passado.

Não existe verdade nesse poema
tão pouco em outros
onde escrevi.
existe fissura, saudade. Arrependimento
de estar complacente

aceitar o destino tosco 
que foi sugerido por um trauma.
Um coração partido, sedentarismo,
obesidade, política de bar
drogas, qual foi a razão?

Não sei
é um trauma sem explicação
nem os grandes filósofos
ou doutores ou minhas palhaçadas
encontram a origem.

Sabe-se que é um trauma,
uma desculpa que devagar
vai crescendo de dentro pra fora.
Preciso de um varal
preciso secar roupa suja.