esse é o meu ato de amar.
e esse sou eu
medroso.
" O relógio faz tic-tac repetidamente, o tempo não consegue se calar, me ensurdece, sussurro diante de eu mesmo em um espelho já abafado. Conseguia ver o vapor, conseguia sentir o cheiro abafado no ar, o frio que me tremia o corpo.
Primeira publicação, olhei para escrivaninha, meu café, recém
feito, já estava morno, mesmo intocado, o que escrevi até agora era desconhecido,
estava em folhas velhas e rabiscadas, que haviam se perdido no tempo junto a mim,
a aquele relógio e tudo na casa.
Já são duas horas, a casa já estava ficando escura, a
persiana se mexia com o vento, a pressa o perseguia, tinha apenas uma hora,
para se arrumar, conseguirei? Movi-me rapidamente e de forma muito desastrada
ate o guarda roupa, traças, pó, tudo se encontrava lá, indiferente de toda
aquela casa já adepta á noite. Vestindo aquele terno que nunca me deixava. Dês
de muito novo, me seguiu em bebedeiras e encontros, nas mentiras que rabiscava
nos papéis. Parecia certo usa-lo, como se ele fosse o nariz do palhaço, o
chapéu do cowboy, é ele era parte do meu personagem.
Tic-tac, novamente aquele barulho perseguindo, o relógio
agora gritava, com anseio, com cansaço. Ás três horas o editor chegara, o que ele
falara? Sempre tive aversão a criticas, medo. Rascunhava em suas velhas folhas,
tentava fazer o tempo passar, tudo estava congelado, tudo parecia estar sem
vida, eu sabia que não era bom o bastante, mas ele disse que viria.
Parece um suspense, são 14h23min e essa seria minha
chance, não sabia o que fazer, seria como perder a virgindade? Como ordenhar as
vacas do mundo? Serei um santo? Serei amado? Odeio a ti editor e ao relógio que
não se cala.
Ouço um ruído, o vento na cortina, persianas batendo, os
barulhos parecem se encaixar ao bater do relógio, tic-tac, tic-tac, passa-se
minutos, um em um, parece tortura, o tempo. Estava tudo frio, meu café amargo,
frio e azedo servia as moscas que ali passavam.
Espantado com o tempo, lavo o rosto, o sovaco, tiro o
suor de meu corpo, o fedor de medo. Já o de insegurança, esse não sai. E todos
viam, os peixes no aquário, o gato que estava à caçá-los e o passarinho a
cantar, a me acalmar.
Falta apenas 13 minutos, resolvi deitar no sofá, por
alguns instantes e de repente silencio,
adormeci de forma seca e nervosa junto ao sofá, enrugado e fedido de
suor.
Em meu terno, aquele das grandes histórias e aventuras,
dos sonhos e das promessas de futuro, nele que eu acordo, tão tarde, tarde para
o sonho, tarde para o arranjo. Tachado de irresponsável, olhando para os lados
o procurando achei apenas uma folha ao vento que nela dizia.
Não cuide do tempo que passa, pois assim o perde para
cuidá-lo de forma que não vai lhe sobrar nenhum.
Arrumei o barulho do relógio, comprei um bom destilado e
botei o pijama, mas o tempo?
parou, sem avisar, sem
reclamar. "