sexta-feira, 27 de maio de 2022

dia de cão

 lambendo a bunda

sentado na varanda

som alto, o minuto não tem fim.


todo dia 

pode ser seu dia de cão

coçando as pulgas

rolando no chão


dia de cão

precisei dele hoje

e de alguns outros

noutros anos .


Nesse inverno o céu esta vermelho,

torrentes nas velhas telhas

da casa do meu pai,

de lajes e limos.


                                                                                                -uma história escorregadia

Parece não ter fim o nosso começo

um tilintar do vento

doce zumbido do frio e os anos passando

como uma trilha de formigas juntando migalhas

                                                           ananas, folhas, flores e restos.


a morte vira alimento nesses cantos

noutros tantos

desencantos.


e de repente toda rima deu lugar a lógica pálida

uma falsa colonização e um final sem cores

só um amontoado de palavras vazias pro ego fervoroso .

mil e uma lembranças e nenhuma dignidade


mas todas as dignidades e vontades do bem

cabem no vazio do meu peito.

de tão vazio inflo e canto e grito, solto um ar espeço

mas nada estridente

 

só o cão, no seu dia

é melhor que eu sendo cão e apenas

o cão da rua, que não é adestrado, medroso e de bunda limpa

nosso cu é tão sujo quanto a consciência mentirosa da verdade.