domingo, 18 de outubro de 2020

Ahh você

 antes de te conhecer

tinha um gostinho de saber
de seguir, te encontrar por ai...
a idade, o ócio e toda essa alegria de se estar apaixonado,
morar na mesma cidade e conseguir criar situações,
momentos únicos onde iriamos nos encontrar.
.
Tudo isso ficou pra trás e é o que mais faz falta...
se eu não estivesse aqui e você não estivesse ai,
quase 3 mil quilômetros de saudade e diferenças.
Tenho certeza que lembra em alguns momentos,
antes de fechar os olhos de outros alguns momentos.
.
Diferentes dos que eu lembro...era péssimo correndo e com impaciência no inicio, tu me esperava. Era péssimo cozinhando e você esperou eu aprender, era péssimo amando e você também esperou...No fim aprendi apenas a cozinhar e hoje eu faço com todo amor que ainda não aprendi. E você? Da aulas?
tem um filho lindo e uma vida pacata...parece delicioso.
.
Antes de te conhecer tudo era raso, liquido e rápido,
intenso demais.
Enquanto estive ao teu lado foi basicamente isso também.
Agora é lento, vivo germinando, devagar, prestes a nascer uma linda flor, melancólica e de cor atraente, aquela tristeza atraente, sabe bem como sou dramático né?
.
Bom, você não gostava disso,
Você não gostava de poesia
ou da que eu escrevia
ou a que te lia
ou te dedicava.
.
Mas todas que escrevo
sentem falta da sua cara vazia
quando as lia.
.
Amor é isso mesmo né?
um monte de coisa que tentamos explicar
e até conseguimos criar uma estética atraente
mas não passa de um amontoado de sensações confusas
experiências eternas outras esquecidas
overdoses, ópios, vícios e alguma tentativa de equilíbrio.
não vejo nada de saudável
mas tudo de necessário.





Me aquieta!!!

Toda escrita é o ato rebelde de se aceitar
ou tentar.
Poesia é reafirmar
tão similar do cotidiano
no a(l)to se enganar.
.
Tenho um sósia, um diferente
dentro d'eu
um Thanatos
que só quer, mas quer demais.
.
todo dia impeço de me consumir,
completamente diferente
dessas cascas grossas e de coração puro,
de homens sensíveis e escondidos.
.
Uma criança,
devo ser uma criança má
que quer aprender a brincar
de machucar, de sentir.
.
Vem, vem aprender a sentir dor comigo
reafirmar meus traumas,
enterrar algumass verdades.
Viciar na mentira, no ópio.
.
Pra segurar cada parte de você,
tacar unha e puxar cabelo,
nos enrolar, esfregar
como animais sedentos, no cio.
.
seja um amor imaculado
chorado e trépido,
com a maldade na ingenuidade
de um coração não partido.
.
Vamos os dois se partir, nos partir
no meio e fazer um banquete,
vamos sorrir com um sorriso de sangue
um gosto de ferro nos lábios
.
Sem limites, sem convites, sem parábolas
to cansado de coisas transitórias,
filmes com diálogos inteligentes
piadas e paixões razoáveis,
.
não nasci pra ser razoável.
mas não nasci pra ser o que sou.
não nasci pra ousar
melhor me aquietar.
.

Domingo, de algum alguma semana, de algum mês, dentro desse ano.

 

Poesia amadora é chata, maçante, óbvia. Essas frases e textos, pequenas crônicas, bobas e carentes.

Não que coisa boa não seja carente, o escritor é um carente completo, sem distinguir qualidade ou dom, diferente de um cão que segura o osso, o escritor doa parte de si, mente e acredita na sua própria mentira. Agora quando imagino um bom escritor, é um intelectual, de óculos, chato, dialético, uma pessoa pacata e comum...completamente diferente de mim.

Guardem as conclusões para vocês, encarar verdades fica pra quem acredita nelas.

Claro que tenho em comum com os drogados e perdidos, de grandes romances e surras, esses de adaptações de cinema, que tem estilo autobiográfico, bebem, cheiram e brigam em bares. Parecidos comigo, mas em intensidade estou longe e a monotonia toma conta de cada dia. Como um suco gelado tomado naquele lugar que você frequenta e acha especial, que impele sua rotina de provar outros sucos em outras praças, de outros vendedores de suco.

Levanto, tomo um café e enrolo uns trinta minutos pra pegar a enxada ou o facão, seja lá qual o trabalho maçante que eu vá ter no dia...Começo como quem não quer começar, não por desgosto, mas cansaço. Corto as mãos, suo, me sujo todo e as coisas acontecem devagar na natureza, contudo, não tenho paciência, explodem mundos dentro do meu corpo, sou atirado a sonhos e desejos, minha ganância dia a dia consome a felicidade de se estar só, de ser um com a terra, mas que bobagem. As luzes da cidade fazem falta (como meu amigo advertiu), os barulhos de buzinas e carros, que tanto ajudam a dormir, faz falta comida gordurosa ou formas de arrumar um dinheiro aqui e ali, o sol que é tão quente, me cozinha como os animais que vou cozinhar. Pois então não passo de um animal, um tanto insatisfeito e cheio de pequenos momentos, segundos, minutos de felicidade, de graça. Quanta graça tem uma vida sem graça…

Hoje, domingo de algum dia, dentro de algum mês nesse ano, estou sem cigarro, com dor no dente, sentindo uma melancolia e toques de mosquito. Me preparando pra encarar um amanhã igual ao de hoje, com as mesmas dores e os mesmos trabalhos...projetando um sonho aqui e acola. Mas se eu tivesse, se eu tivesse só uma chance de cagar tudo isso. Que perigo sou e que sortudo aquele que morre cedo, que não consegue se machucar. Vou tentar pedir outro cigarro pro meu tio, tentar chorar um troco ou outro e ver se a tia do Sus me responde, preciso arrancar dois dentes, pena que não são de leite...ganharia umas moedas.