domingo, 18 de outubro de 2020

Domingo, de algum alguma semana, de algum mês, dentro desse ano.

 

Poesia amadora é chata, maçante, óbvia. Essas frases e textos, pequenas crônicas, bobas e carentes.

Não que coisa boa não seja carente, o escritor é um carente completo, sem distinguir qualidade ou dom, diferente de um cão que segura o osso, o escritor doa parte de si, mente e acredita na sua própria mentira. Agora quando imagino um bom escritor, é um intelectual, de óculos, chato, dialético, uma pessoa pacata e comum...completamente diferente de mim.

Guardem as conclusões para vocês, encarar verdades fica pra quem acredita nelas.

Claro que tenho em comum com os drogados e perdidos, de grandes romances e surras, esses de adaptações de cinema, que tem estilo autobiográfico, bebem, cheiram e brigam em bares. Parecidos comigo, mas em intensidade estou longe e a monotonia toma conta de cada dia. Como um suco gelado tomado naquele lugar que você frequenta e acha especial, que impele sua rotina de provar outros sucos em outras praças, de outros vendedores de suco.

Levanto, tomo um café e enrolo uns trinta minutos pra pegar a enxada ou o facão, seja lá qual o trabalho maçante que eu vá ter no dia...Começo como quem não quer começar, não por desgosto, mas cansaço. Corto as mãos, suo, me sujo todo e as coisas acontecem devagar na natureza, contudo, não tenho paciência, explodem mundos dentro do meu corpo, sou atirado a sonhos e desejos, minha ganância dia a dia consome a felicidade de se estar só, de ser um com a terra, mas que bobagem. As luzes da cidade fazem falta (como meu amigo advertiu), os barulhos de buzinas e carros, que tanto ajudam a dormir, faz falta comida gordurosa ou formas de arrumar um dinheiro aqui e ali, o sol que é tão quente, me cozinha como os animais que vou cozinhar. Pois então não passo de um animal, um tanto insatisfeito e cheio de pequenos momentos, segundos, minutos de felicidade, de graça. Quanta graça tem uma vida sem graça…

Hoje, domingo de algum dia, dentro de algum mês nesse ano, estou sem cigarro, com dor no dente, sentindo uma melancolia e toques de mosquito. Me preparando pra encarar um amanhã igual ao de hoje, com as mesmas dores e os mesmos trabalhos...projetando um sonho aqui e acola. Mas se eu tivesse, se eu tivesse só uma chance de cagar tudo isso. Que perigo sou e que sortudo aquele que morre cedo, que não consegue se machucar. Vou tentar pedir outro cigarro pro meu tio, tentar chorar um troco ou outro e ver se a tia do Sus me responde, preciso arrancar dois dentes, pena que não são de leite...ganharia umas moedas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário