quinta-feira, 20 de junho de 2019

porão

um berro, latido
crescente
todos lobisomens uivam
na lua cheia,
todos homens sorriem
quando sonham

mas levantam
tão cansados
de tanto sonhar.

pudesse todas palavras
paralisarem
os meus sonhos,
pudesse os berros
nos filmes
eu berrar igual.

enxergo mal durante a noite,
durante o dia
nem vejo
mas me fascina
o tempo do gracejo
na querida esquina;

existia naquela época
o gordo, o bar porão
travestis, jogos e
prostitutas.
A madrugada
me ensurdecia

mas era tão novo
aquele meu tempo,
o nosso tempo foi
tempos depois.

amigos do meu tio chegavam
pupilas dilatadas, que tanto
falavam.
eram homens de bem,
com carros velozes
na realidade algozes.

com eles aprendi
a berrar, a ganhar, trapacear
com eles surrupiei
teu coração e por eles te feri.
me ajoelhei em oração
sem entender porque te perdi.

errado errando certo
descendo no buteco
no porão que era perto,
o jogo ia até a manhã
com travestis, prostitutas
donos do comércio,

homens de bem com
carros velozes
algozes da maçonaria,
o dono da padaria.
Todo mundo sabia,
todos diziam

Se referiam ao porão
como um lugar de mal
não de comunhão,
mas no porão
aprendi a amar
me pus a errar.

Hoje o porão fechou
não sei pra onde foram
aquelas queridas travestis
que tanto me protegeram
que tanto me acolheram
que tanto que tantos morreram.

Hoje o porão fechou
o empresário empobreceu
todo dinheiro perdeu
em drogas e divórcios e escolhas
todas rugas, tantas rugas
existe nessa solidão

Hoje o porão fechou
minha garganta fechou
as lembranças não vão,
ficam sem qualquer razão.

Não sei como esta
tudo bem? se lembra quando ficamos
bêbados? Lembra daquela velha
que beijei?

Hoje o porão fechou
que viva no meu coração
os jogos, as travestis
os homens de bem,
homens mal falados
seres não amados.

Hoje o porão fechou
nada ficou
mas te vejo garotinho
escondido nos sonhos,
tão desiludido pequeno,
não desista

és ainda criança
não te esqueças menino
que por tais aprendizados
perdeste o que mais quis.
agora tudo acabou
hoje o porão fechou.apo

nada pra fazer!

12 postagens
2019
números
letras
cobranças
erros
selos
cartas não enviadas
palavras malditas
não ditas

arrisca
risca
um fósforo
no escuro da sua vida
faz fogo
debaixo da chuva
rasga
as roupas
fica nua
seja crua

não existe horário
não existe certeza
números e letras
erros e selos
cartas entregues
palavras e sequelas
queria não ter,
ser, ser freguês
fica nua
seja dura

dita
o alfabeto
de trás pra frente
escolhe o futuro
em 2019
12 postagens

uma lida
uma vida
apaga o fósforo
não bota gasolina,
no teu corpo,
bota álcool.

não arrisca
te esconde,
afugenta a chuva
te suja
toca álcool,
não usa fósforo
não usa papel
usa 12 postagens
um coração partido, bum!

não lê mãe!

suas coxas cálidas,
levemente mordidas
avermelhadas
minha mão segurava
e minha unha
te cravava,
com tuas pernas abertas
passava minha língua
nos teus pelos
nos teus lábios.
Sentia
salgada
doca
sentia minha língua
tua buceta
molhar,
sua perna tremer
na tua virilha
me perder.
Te arranhando
subi das coxas
a tua barriga
já roxa, mordida
arranhei e esfreguei
e a cada corte
a cada arranhão
não fiz corte
me lambuzo e te abuso
porque te sirvo
com a língua, com os dedos,
te sirvo
com o beijo.
Mas não sacio;
minha vontade
é ter meu pau
dentro de você
molhado
erguido
nenhum desejo contido
só nossos corpos
ambos perdidos
no desejo aspirante
de dois amantes errantes.