Poesia amadora é chata, maçante, óbvia. Essas frases e textos,
pequenas crônicas, bobas e carentes.
Não que coisa boa
não seja carente, o escritor é um carente completo, sem distinguir
qualidade ou dom, diferente de um cão que segura o osso, o escritor
doa parte de si, mente e acredita na sua própria mentira. Agora
quando imagino um bom escritor, é um intelectual, de óculos, chato,
dialético, uma pessoa pacata e comum...completamente diferente de
mim.
Guardem as
conclusões para vocês, encarar verdades fica pra quem acredita
nelas.
Claro que tenho em
comum com os drogados e perdidos, de grandes romances e surras, esses
de adaptações de cinema, que tem estilo autobiográfico, bebem,
cheiram e brigam em bares. Parecidos comigo, mas em intensidade
estou longe e a monotonia toma conta de cada dia. Como um suco gelado
tomado naquele lugar que você frequenta e acha especial, que impele
sua rotina de provar outros sucos em outras praças, de outros
vendedores de suco.
Levanto, tomo um
café e enrolo uns trinta minutos pra pegar a enxada ou o facão,
seja lá qual o trabalho maçante que eu vá ter no dia...Começo
como quem não quer começar, não por desgosto, mas cansaço. Corto
as mãos, suo, me sujo todo e as coisas acontecem devagar na
natureza, contudo, não tenho paciência, explodem mundos dentro do
meu corpo, sou atirado a sonhos e desejos, minha ganância dia a dia
consome a felicidade de se estar só, de ser um com a terra, mas que
bobagem. As luzes da cidade fazem falta (como meu amigo advertiu), os
barulhos de buzinas e carros, que tanto ajudam a dormir, faz falta
comida gordurosa ou formas de arrumar um dinheiro aqui e ali, o sol
que é tão quente, me cozinha como os animais que vou cozinhar. Pois
então não passo de um animal, um tanto insatisfeito e cheio de
pequenos momentos, segundos, minutos de felicidade, de graça. Quanta
graça tem uma vida sem graça…
Hoje, domingo de
algum dia, dentro de algum mês nesse ano, estou sem cigarro, com dor
no dente, sentindo uma melancolia e toques de mosquito. Me preparando
pra encarar um amanhã igual ao de hoje, com as mesmas dores e os
mesmos trabalhos...projetando um sonho aqui e acola. Mas se eu
tivesse, se eu tivesse só uma chance de cagar tudo isso. Que perigo
sou e que sortudo aquele que morre cedo, que não consegue se
machucar. Vou tentar pedir outro cigarro pro meu tio, tentar chorar
um troco ou outro e ver se a tia do Sus me responde, preciso arrancar
dois dentes, pena que não são de leite...ganharia umas moedas.